segunda-feira, 30 de setembro de 2024, às 09:15h.
O sistema elétrico brasileiro vive uma contradição: os setores de energia eólica e solar estão crescendo, mas têm prejuízos porque a estrutura de transmissão não suporta a oferta de energia conectada ao sistema.
Foto: Eduardo Valente/GOVSC
O sistema elétrico brasileiro vive uma contradição: os setores de energia eólica e solar estão crescendo, mas têm prejuízos porque a estrutura de transmissão não suporta a oferta de energia conectada ao sistema.
Quando a produção excede a capacidade de transmissão, o Operador Nacional do Sistema Elétrico corta a geração por segurança. O problema afeta principalmente o Nordeste, em razão dos gargalos no escoamento da energia para o Sul e Sudeste. Estima-se que ambos os setores tenham perdido cerca de R$ 1 bilhão com as interrupções desde o ano passado.
Enquanto novas linhas de transmissão não entram em operação, a instabilidade deve persistir devido ao crescimento acelerado das fontes de energia solar e eólica, principalmente — projeções indicam que as duas vão representar mais de 90% do acréscimo na capacidade de geração elétrica do País até 2029.
E como está Santa Catarina neste cenário? Fizemos nossa lição de casa. Em 2017, por meio do Consórcio Aliança, a Celesc venceu a disputa pelo lote 21 no leilão da ANEEL. Firmou-se um dos maiores investimentos em um único projeto de expansão do sistema elétrico catarinense (R$ 1,2 bilhão), garantindo mais de 430 km de extensão em novas linhas de transmissão. Participei do projeto como presidente da Celesc e constatei que nossa rede ganhou em confiabilidade e estabeleceu um diferencial em relação ao restante do País.
Hoje à frente da Secretaria de Estado da Fazenda e sob a liderança do governador Jorginho Mello, tenho testemunhado novos avanços no setor. Em 2023, a Celesc anunciou o maior pacote de investimentos da sua história: R$ 4,5 bilhões projetados até 2026. Já o Governo do Estado garantiu R$ 220 milhões para aumentar a oferta de energia ao setor produtivo com o Plano de Desenvolvimento Energético para a Indústria Catarinense.
Outro programa tirado do papel foi o Energia Boa, que projeta R$ 3 bilhões em investimentos na geração de energias renováveis. Recentemente, houve a regulamentação da legislação que garante estímulo fiscal às cooperativas de energia, o que na prática deve beneficiar as áreas rurais.
Decisões acertadas no passado e ações implementadas atualmente, colocam SC em situação privilegiada no desenvolvimento sustentável do setor energético. O mesmo princípio vale para todas as demais engrenagens que movem a gestão pública: é preciso planejar hoje para garantir os resultados de amanhã.
Por Cleverson Siewert, Secretário de Estado da Fazenda de Santa Catarina
Artigo publicado no Jornal ND na edição de 30/09/2024